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Elza Goersch – 2º Ano – Guerra Fria

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Guerra Fria

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Elza Goersh – 3º Ano – Etnia, Diversidade Cultural e Conflitos

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Etnia, Diversidade Cultural e Conflitos

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Páginas correspondentes no livro didático: 11 a 28

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Onda de xenofobia assusta imigrantes na África do Sul; pelo menos quatro pessoas foram mortas

AFRICA DO SUL
 Mais de 2.000 estrangeiros estão refugiados em um campo na cidade portuária de Durban, na África do Sul.

O país vive uma onda de xenofobia: pelo menos quatro pessoas foram mortas desde a semana passada e 74 foram presas, de acordo com o porta-voz da polícia Jay Naicker.

No total, pelo menos 5.000 estrangeiros tiveram que deixar suas casas em Durban, importante ponto de saída para o Oceano Índico. Nesta quarta-feira (15), a onda de violência atingiu cidades vizinhas também.

Em Joanesburgo, onde lojas de imigrantes foram saqueadas no começo do ano, vários estabelecimentos fecharam as portas, para evitar atos de violência. De acordo com a Reuters, mesmo que a cidade não tenha registrado ataques nas últimas semanas, os comerciantes foram ameaçados via mensagens, que afirmavam que todos os estrangeiros seriam mortos.

Embora o governo tenha condenado a onda de violência, segundo o site australiano News, Zulu King Goodwill Zwelithini, líder de um grande grupo étnico no país, disse que os estrangeiros tinham que “fazer as malas e irem embora”.

Edward Zuma, filho do presidente Jacob Zuma disse à uma agência local que o país estava “sentado em uma bomba relógio de estrangeiros que tomam o país”. Mesmo diante de intensas críticas, ele disse que não vai de desculpar pelo que disse, nem retirar seus comentários.

O presidente designou uma equipe de ministros para lidar com o problema. Assim como muitos ativistas anti-apartheid, Zuma foi refugiado em outros países africanos enquanto estava exilado.

Centenas de milhares de estrangeiros, a maioria de outros países do continente e da Ásia, se mudaram para o país desde o fim do Apartheid, em 1994. Com cerca de 50 milhões de habitantes, a África do Sul é lar para cerca de 5 milhões de estrangeiros.

O Malauí afirmou que vai retirar seus cidadãos do país a partir do final de semana. Pelo menos 420 malauianos estão nos campos de refugiados em Durban para fugir da violência, segundo o governo do país. Segundo a rede Al Jazeera, autoridades negociam com o governo sul-africano para que os imigrantes possam deixar o país sem passaporte – a maioria deles perdeu todos os documentos durante a fuga.

Segundo a BBC, pelo menos 62 pessoas morreram em ataques xenofóbicos no país desde 2008.

A maioria das ondas de violência contra estrangeiros é causada porque alguns sul-africanos alegam que seus empregos são roubados. A taxa de desemprego no país é de 24%.

Nas redes sociais, uma campanha de repúdio aos ataques ganhou força por meio da hashtag #SayNoToXenophobia (diga não à xenofobia, em tradução livre).

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EUA e Cuba: estancando sangrias

BARACK OBAMA PANAMA

O histórico aperto de mãos entre os presidentes Raúl Castro e Barack Obama, na 7ª Cúpula das Américas – a primeira com a participação de Cuba -, deve ser comemorado pelo retorno público do diálogo entre os dois países. A aproximação norte-americana é uma vitória para o valente povo cubano que resiste ao impiedoso embargo econômico de meio século. Mas há muito a analisar sobre o repentino “abraço de urso” da potência estadunidense.

Cuba tem sido um país firme no embate que as nações latinas têm travado ao longo da História contra a tentativa de unilateralidade imposta pelos Estados Unidos. A ilha governada por Raúl Castro sofre com as consequências econômicas do embargo, além de constantes ataques publicitários anti-socialismo por parte dos governos americanos. Apesar disso, conseguiu sobressair-se em sua realidade, mantendo políticas públicas de referência internacional em saúde e educação, por exemplo.

A vitória de Cuba também se dá com a ajuda internacional, que envolveu nos últimos anos mais de 40 mil entidades de apoio ao país, inclusive no Brasil, junto dos constantes apelos dos chefes de Estado latinos. A mudança de forças econômicas no mundo, rompendo a hegemonia estadunidense, e a entrada de novos mercado competitivos, como a China, também são parte deste desfecho. No mais, cresceu muito no país da América do Norte a opinião pública contra as restrições impostas ao povo cubano.

Neste contexto, a Cúpula das Américas tem muito a saudar, principalmente na força que o presidente Raúl Castro tem demonstrado ao negociar as sanções com o EUA, como a que listava Cuba como país pró-terrorismo. Se de um lado vemos passos na direção de avançar, de outro prossegue o desrespeito à soberania de outros países, em manobras que tem como objetivo a desestabilização de governos progressistas e à esquerda.

Desde março, Obama vem aplicando sanções de altíssima gravidade à Venezuela por meio de seus altos-comissários, como proibição de entrada no país e congelamento de bens. Para a chanceler Delvy Rodríguez, a movimentação dos Estados Unidos representa lentos passos para uma futura intervenção militar, objetivando recursos naturais estratégicos e a estatal petroleira PDVSA.

Na tentativa de desestabilizar o governo de Nicolás Maduro, como já ocorreu em outros países vizinhos, através de arrochos diplomáticos e embates internacionais, o Estados Unidos trilha o caminho que sempre tomou na história da América Latina: o de apunhalar e saquear os países tardiamente em desenvolvimento, fomentando, inclusive, rupturas democráticas. E o Brasil não está longe disto. Independente da concordância ou não com as políticas adotadas por este ou aquele governo é preciso defender a soberania das nações.

Em 2009, ironicamente durante a 5ª Cúpula das Américas, Obama recebeu das mãos de Eduardo Galeano uma de suas obras mais geniais: “As veias abertas da América Latina”. O livro, escrito há 40 anos, expõe com máxima modernidade a exploração imperialista que rendeu à América do Sul um crescimento tardio e abaixo dos níveis internacionais de desenvolvimento humano. Escreveu ele: “… é a América Latina, a região das veias abertas. Desde o descobrimento até nossos dias, tudo se transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano…”.

Para abandonar o subdesenvolvimento histórico, os países da Unasul devem firmar posição resistente à atual influência norte-americana na soberania dos países latinos, com governos eleitos democraticamente, assim como o povo cubano resistiu de forma corajosa por tanto tempo. A verdade é que o “sangramento”, agora na Venezuela, precisa ser estancado o quanto antes.

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Moçambicanos mortos por xenofobia na África do Sul

Refugiados do campo de Isipingo, no sul de Durban abastecem-se de víveres nesta quarta-feira 15/04/2015
Refugiados do campo de Isipingo, no sul de Durban abastecem-se de víveres nesta quarta-feira 15/04/2015 Alexandra Brangeon / RFI

Fernando Fazenda, embaixador de Moçambique na África do Sul, deslocou-se hoje a Durban, para confortar e preparar o repatriamento dos cerca de 300 moçambicanos, que estão em campos de trânsito após a morte de dois seus conterrâneos, queimados vivos por sul-africanos.

A onda de violência que assola o Kuazulu-Natal desde sexta-feira passada, culminou na morte de pelo menos dois cidadãos moçambicanos e três etíopes.

Mais de 500 cidadãos africanos, na sua maioria moçambicanos que perderam todos os seus bens devido à violência xenófoba, estão em centros de acolhimento temporário e em esquadras da polícia em Durban, todos querem regressar aos seus países de origem.

Moçambique, Malawi e Somália estão a preparar o repatriamento dos seus cidadãos.

O embaixador moçambicano Fernando Fazenda que está desde esta quarta-feira em Durban, está “terrívelmente pessimista” quanto ao estancar desta nova onda de violência, que dos bairros periféricos de Durban alastrou à capital do Kwazulu-Natal.

A violência continua em diferentes sítios…as coisas estão a deflagrar em tudo o que é canto, em tudo o que é bairro, quando a gente pensa que as coisas estão a acalmar, há notícias de focos violentos noutras zonas.”

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Somos todos iguais: a luta pela diversidade e contra o preconceito

somos-todos-iguais-luta-diversidade-contra-preconceito-abre-560“Eu tenho um sonho que um dia meus filhos irão viver numa nação onde eles não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter”.

A frase, que faz parte de um dos textos mais famosos da história – não somente a americana, mas a mundial – foi dita pelo reverendo e ativista negro Martin Luther King, durante seu discurso “I have a dream”, em 1963, em Washington D.C., capital dos Estados Unidos, diante de uma plateia enorme de pessoas, que lutavam pelos direitos raciais.

Se Martin Luther King não tivesse sido assassinado e ainda estivesse vivo, ele veria um país bem diferente nos dias de hoje. Menos de 50 anos depois de seu inesquecível discurso, os Estados Unidos elegeram seu primeiro presidente negro, que se chama Barack Hussein Obama. Filho de um queniano com uma americana, formou-se em Direito na mais prestigiada universidade daquele país: Harvard.

Assim como Obama, o americano Raphaël Sambou acredita que muito de seu sucesso pessoal e profissional se deve a Luther King. Foi o diplomata quem relembrou a história acima. “Eu não estaria aqui hoje se não fosse por ele e outros tantos ativistas americanos”, disse.

Sambou foi um dos convidados a participar da 12ª Semana Martin Luther King, promovida pela Associação Palas Athena, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. Com apoio institucional da Unesco e do Consulado Geral dos Estados Unidos, o encontro teve dois temas “Diversidade nos Estados Unidos – Uma Perspectiva Atual” e “Linha de Montagem do Preconceito – Reprodução de Uma Mentira”.

Para a  primeira rodada de conversa, além de Raphaël Sambou, outro diplomata do Consulado Americano, Christopher Johnson também deu seu depoimento. Já sobre preconceito, falaram Alexandra Loras, consulesa da França em São Paulo, Renato Janine Ribeiro, ministro da Educação e Thiago Tobias, representante da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação.

Logo no início do evento, Raphaël Sambou contou sobre sua trajetória e os avanços que a comunidade negra conquistou em seu país. Apesar da abolição da escravatura ter sido proclamada em 1863 nos Estados Unidos, apenas cem anos depois os negros ganharam direito ao voto. “Mas hoje, além de Barack Obama, temos muitos negros à frente de grandes multinacionais também”, afirmou. “Já percorremos um longo caminho, entretanto, temos muito ainda a vencer. A marcha de Selma não terminou”, referindo-se à caminhada histórica de manifestantes no Alabama, estado onde aconteceram confrontos trágicos por causa do racismo.

O diplomata americano destacou que o preconceito contra os negros persiste nos Estados Unidos. Recentemente, jovens foram assassinados no país por policiais –claramente por causa da cor de sua pele. Nas prisões americanas, 1,7 milhão de detentos são negros.

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Raphael Sambou e Christopher Johnson falaram sobre racismo e preconceito nos Estados Unidos

Filho de uma imigrante da Nicarágua e pai caribenho, o diplomata negro Christopher Johnson contou que sofreu muito preconceito mesmo dentro de sua comunidade. Por não ter a pele tão negra, era visto como “mais branco do que os outros”. “A imagem do americano africano em meu país ainda é negativa”, acredita.

É justamente como é passada a imagem dos negros, não somente nos Estados Unidos, como em todo mundo – mesmo aqui no Brasil e sobretudo na França – que Alexandra Loras se tornou uma ativista e palestrante sobre o assunto. “Por gerações e gerações fomos condicionados a pensar que homens eram superiores às mulheres, assim como negros eram inferiores aos brancos”.

A consulesa mostrou um vídeo chocante, realizado na década de 50, em que crianças americanas eram confrontadas com bonecas negras e brancas e questionadas quais eram boas ou más. “Imaginem um mundo em que todos os inventores, filósofos e artistas fossem negros. E nas páginas dos livros, só aparecessem duas páginas de seus ancestrais – brancos – que haviam sido escravizados”, disse.

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Alexandra Loras acredita que a história dos negros precisa ser recontada

Ao comparar a quantidade de escravos trazida para o Brasil com a daqueles levados aos Estados Unidos, Alexandra falou que em nosso país, o número foi muito maior. Todavia, eles se transformaram numa massa invisível. Ela defende que a imagem do negro deva ser trabalhada de maneira diferente nos livros didáticos e nomes como Teodoro Sampaio, Machado de Assis ou André Rebouças – todos negros – sejam mais valorizados. É hora de parar de buscar culpados. “Precisamos contar coisas positivas, melhorar a autoestima. Não são brancos contra negros, somos todos iguais”.

Filósofo e professor de Ética e Filosofia Política da USP, o ministro da Educação Renato Janine Ribeiro falou sobre tolerância. Segundo ele, temos que aprender com os outros, mesmo que pensemos de forma diferente. Como único branco do debate, como se intitulou, o ministro afirmou que os brancos não são culpados pelo preconceito, mas são responsáveis.

“A maior vergonha é sermos indiferentes ao racismo e ao preconceito”, ressalta Ribeiro. Ele citou Charles Darwin, que ao deixar o Brasil, teria dito que nunca mais queria pisar num país onde houvesse escravidão.

somos-todos-iguais-luta-diversidade-contra-preconceito-ministro-educacao-560“A maior vergonha  é sermos indiferentes ao preconceito”, afirmou o ministro da Educação Renato Janine Ribeiro

Convidado pelo ministro, Thiago Tobias explicou como é o trabalho da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do governo. O órgão busca integrar ao ensino do país as minorias – negros, mulheres,  indígenas. “Somente o encontro entre inclusão, tolerância e ética vai conseguir superar as desigualdades no Brasil”.

Uma das principais lições que ficou da noite que discutiu diversidade e preconceito veio da francesa Alexandra Loras. Depois de uma infância difícil, em que sofreu muito com o racismo, hoje a mulher linda e bem-sucedida – orgulhosa da cor de sua pele – prega que “o passado não pode definir nosso futuro”.

Ela é certamente um exemplo disso. E é nosso dever fazer com que todos tenham oportunidades iguais e nossa sociedade seja tolerante e aberta à diversidade.

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Cuba considera ‘justa’ decisão de Obama de tirá-la de lista de terrorismo

Obama informou ao Congresso dos EUA de sua intenção.
Medida faz parte de reaproximação diplomática entre os dois países.
O presidente dos EUA Barack Obama cumprimenta o presidente de Cuba Raul Castro durante encontro na Cúpula das Américas na Cidade do Panamá (Foto: Pablo Martinez Monsivais/AP)
O presidente dos EUA Barack Obama cumprimenta o presidente de Cuba Raul Castro durante encontro na Cúpula das Américas na Cidade do Panamá (Foto: Pablo Martinez Monsivais/AP)
Cuba anunciou nesta terça-feira (14) que considera “justa” a decisão do presidente Barack Obama de remover a ilha da lista de países patrocinadores de terrorismo. Cuba exigia que a medida ocorresse antes de se avançar no diálogo da reaproximação diplomática com os Estados Unidos, anunciada em dezembro.

“O governo cubano reconheceu a justa decisão feita pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de eliminar Cuba de uma lista em que nunca deveria ter sido incluída, especialmente considerando que nosso país foi vítima de centenas de atos de terrorismo que custou a vida de 3.478 pessoas e feriu 2.099 cidadãos”, diz o comunicado de Josefina Vidal, chefe de assuntos dos EUA do Ministério das Relações Exteriores cubano.

Mais cedo nesta terça a Casa Branca anunciou que Obama enviou ao Congresso norte-americano um informe em que ressalta sua “intenção de remover” Cuba da lista.

Em uma breve carta de apenas quatro parágrafos, Obama disse ao Congresso que poderia provar que “o governo de Cuba não proporcionou apoio ao terrorismo internacional nos últimos seis meses”.

Além disso, o presidente indicou na carta que “o governo de Cuba deu garantias de que não vai apoiar atos de terrorismo internacional no futuro.”

O Congresso norte-americano tem um período de 45 dias para decidir se vai bloquear a medida, de acordo com a rede ABC News. Para impedir a retirada de Cuba da lista, senadores e representantes teriam de criar uma lei à prova de veto declarando que Cuba continua uma nação patrocinadora de terrorismo. Segundo a rede ABC News, é improvável que haja votos para que isso ocorra. No entanto, a remoção enfrenta resistência dos republicanos, incluindo legisladores de origem cubana, indica o jornal “The New York Times”.

Em seu comunicado oficial, a Casa Branca indicou que “após análise cuidadosa” da permanência de Cuba nessa lista, “o Departamento de Estado concluiu que Cuba reúne as condições para que seja retirada” da lista de Estados patrocinadores do terrorismo.

“O Departamento de Estado recomendou que o presidente submetesse ao Congresso o relatório e a certificação exigida por lei”, diz a nota.

Cuba é um dos quatro países que os EUA acusam de apoiar o terrorismo globlal. Os outros países na lista são Irã, Sudão e Síria.

O secretário de Estado John Kerry declarou em outra nota que “é hora de retirar a designação de Cuba como um Estado patrocinador do terrorismo”.

De acordo com Kerry, “as circunstâncias mudaram desde 1982, quando Cuba foi originalmente designada como Estado patrocinador do terrorismo (…). O nosso continente e o mundo estão muito diferentes hoje”.

Os presidentes Barack Obama e Raúl Castro dão aperto de mão em encontro na Cúpula das Américas, no Panamá. À direita, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon (Foto: Reuters/Presidência do Panamá)
Os presidentes Barack Obama e Raúl Castro dão aperto de mão em encontro na Cúpula das Américas, no Panamá. À direita, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon (Foto: Reuters/Presidência do Panamá)

Passo simbólico
A retirada de Cuba da lista é um importante passo simbólico depois que os dois países anunciaram uma aproximação diplomática em dezembro para colocar fim a 53 anos de inimizade.

“É o primeiro passo em direção a uma normalização concreta e formal das relações”, disse Peter Schechter, especialista em América Latina do centro de estudos Atlantic Council em entrevista à agência AFP.

A inclusão de Cuba na lista envolve uma série de sanções contra a ilha, de acordo com a AFP, tais como uma restrição à qualquer ajuda dos Estados Unidos, mesmo através de organismos internacionais, o comércio de armas e o acesso aos mercados financeiros internacionais.

Cuba colocou a medida como prioridade para reabrir as embaixadas em Washington e Havana. Com isso, os Estados Unidos deixarão de ser “o hóspede não convidado” de todos os debates sobre Cuba e o bode expiatório por excelência dos problemas na ilha, acrescentou Schechter.

Para Arturo López-Levy, acadêmico da Universidade de Denver, se Cuba deixar de ser considerada patrocinadora de terrorismo, as bases das sanções contra a ilha, fundadas por anos na questão da segurança, serão abaladas.”Substitui esta imagem de (Cuba como) ameaça” com outra de “país em transição”, com o qual se deve aumentar o intercâmbio, disse López-Levy à AFP. Segundo ele, a decisão abre caminho para que o presidente revise, em setembro, a classificação de Cuba como “inimigo”, codificada em uma lei desde que os Estados Unidos instauraram o embargo, em 1962.

Encontro histórico
Obama e Raúl Castro realizaram no último sábado (11) um encontro histórico durante a Cúpula das Américas, na Cidade do Panamá, o primeiro entre presidentes dos dois países em mais de meio século, de acordo com jornais internacionais.

Os dois sentaram-se lado a lado em uma pequena sala de conferências, com um clima cordial, mas de negócios. Cada um acenou e sorriu para alguns dos comentários feitos pelo outro, em breves declarações a jornalistas.

O último encontro frente a frente aconteceu entre os presidentes Dwight Eisenhower, dos EUA, e Fulgencio Batista, de Cuba, em 1956, em outra cúpula das Américas no Panamá, antes da revolução cubana, de acordo com o site do jornal “USA Today”. Em 1959, o então vice-presidente dos EUA, Richard Nixon, e Fidel Castro se encontraram, destacou a “CNN”.

Em coletiva de imprensa após o encontro, Obama disse que a conversa com Castro foi “cândida e frutífera” e que o encontro pode ter sido um “divisor de águas” na história entre os dois países. Ele afirmou também que tem o apoio “da maioria” para sua política envolvendo Cuba nos EUA.

“Temos que estar certos de que Cuba não é uma ameaça para os EUA”, disse o presidente norte-americano a jornalistas. “Parte da mensagem aqui é que a Guerra Fria acabou”, completou, afirmando que os EUA não estão no negócio da “mudança de regime”.

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Obama retira Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo

A Casa Branca disse que o presidente dos EUA, Barack Obama, decidiu, nesta terça-feira (14), retirar Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo, em mais um passo para normalizar as relações entre as nações.

O governo americano informou que Obama apresentou relatórios e certificações exigidos pelo Congresso indicando sua intenção de retirar Cuba da lista.

Obama tomou a decisão final na sequência de uma avaliação do Departamento de Estado. Em mensagem ao Congresso, Obama disse que o governo de Cuba “não forneceu qualquer apoio ao terrorismo internacional” nos últimos seis meses. Ele também disse aos deputados que Cuba “deu garantias de que não apoiará atos de terrorismo internacional no futuro”.

Funcionários do Departamento de Estado disseram ter feito uma revisão completa do requerimento para garantir que sua decisão resista a qualquer questionamento em um Congresso controlado pelos republicanos.

Cuba não estará efetivamente fora da lista após um período de avaliação de 45 dias, durante o qual uma resolução conjunta para bloquear a remoção da lista deve ser considerada na Câmara e no Senado. A ideia de remover a nação cubana da lista foi recebida com considerável resistência por parte dos republicanos, incluindo muitos congressistas cubano-americanos.

Os EUA há muito tempo já pararam de acusar o país liderado por Raúl Castro de apoiar ativamente o terrorismo.

O anúncio de terça-feira vem dias depois de Obama e o presidente cubano, Raúl Castro, terem se reunido, às margens da Cúpula das Américas ocorrida no Panamá. As conversações marcaram a primeira reunião formal entre os líderes em 50 anos.

A remoção de Cuba da lista terrorista facilita o caminho para a abertura de uma embaixada dos Estados Unidos em Havana.

Outros países que ainda na lista são Irã, Sudão e Síria. O secretário de imprensa da Casa Branca, Josh Earnest, disse que, mesmo Cuba sendo retirada da lista, isso não muda o fato de que os EUA têm diferenças com o governo da ilha caribenha. “Nossas preocupações sobre uma ampla gama de políticas e ações de Cuba não se enquadram nos critérios que são relevantes para a possibilidade de rescindir a designação de Cuba como um Estado patrocinador do terrorismo”, disse.

Cuba foi designado como Estado patrocinador do terror em 1982. Até esta terça-feira, a ilha comunista continuou sendo um dos quatro países na lista norte-americana de nações acusadas de apoiar repetidamente o terrorismo global, as outras três nações são Irã, Sudão e Síria. (Com Associated Press e “The New York Times”)

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Dilma e Obama na Cúpula das Américas e o encontro que virá

DILMA OBAMA PANAMA

Na Cúpula das Américas 2015, realizada no último final-de-semana, a presidenta Dilma Rousseff teve encontros bilaterais, em paralelo, com diversos líderes estrangeiros. O mais noticiado foi o com o presidente dos EUA, Barack Obama. Uma abordagem ampla da Cúpula será publicada aqui em breve. No encontro bilateral, Dilma e Obama conversaram sobre cooperação nas áreas de ciência, tecnologia, inovação, defesa, aviação civil, democracia, clima e fontes renováveis de energia. Principalmente, Obama e Dilma anunciaram uma visita de governo, em Washington, no dia 30 de junho.

O foco foi a suposta superação da crise causada pelos escândalos de espionagem dos EUA, incluindo países aliados e seus líderes, como Dilma Rousseff e Angela Merkel. Nos últimos meses, o governo dos EUA tentou recuperar a imagem de suas parcerias e de suas relações exteriores, desgastada pelo vazamento de informações. Até brincaram com a situação. Segundo Dilma, Obama falou que “quando quiser saber qualquer coisa, ele liga para mim”. Perguntada se atenderia a ligação, ela respondeu: “Não só atendo como fico muito feliz”.

As denúncias de espionagem em até seu telefone celular pessoal fizeram com que Dilma cancelasse uma visita de Estado aos EUA em 2013. A atual visita agendada, então, cumpre essa lacuna? Não necessariamente. Visitas de Estado são as mais longas e cerimoniais que existem; a nomenclatura já deixa claro do que se trata, um Estado, simbolizado pelo seu chefe, visitando outro Estado, uma reunião entre dois países. A magnitude dessa visita, entretanto, não é restrita ao simbolismo ou à formalidade. Costumam demorar mais tempo, envolver grandes delegações e uma extensa agenda de negociações.

Por exemplo, a próxima visita de Estado que Obama será o anfitrião está marcada para 28 de abril, quando recebe Shinzo Abe, Primeiro-ministro do Japão, que ficará nos EUA por oito dias. Obama é um dos presidentes dos EUA que menos recepcionou visitas de Estado; sete, desde 2009, com duas programadas para 2015, Abe e Xi Jinping, presidente chinês. Fontes extraoficiais afirmaram que os EUA gostariam de uma visita de Estado, mas poderia ser realizada apenas em 2016; Dilma teria resolvido fazer a visita menor, mas ainda esse ano, já que 2016 é um ano complicado para a política dos EUA, com eleições presidenciais.

O que seria essa “visita menor” de um líder em outra nação? Existem três outras possibilidades: uma visita oficial, uma visita de trabalho e uma visita privada. No caso da visita agendada de Dilma, será uma visita de trabalho, ou, como tem sido chamada, uma visita de governo; clara diferenciação entre governo e Estado. Quem visita é o atual gabinete, não o Estado. Isso implica em uma visita de menor duração, com uma agenda reduzida, além da ausência dos aspectos cerimoniais citados anteriormente. Seria uma visita para melhorar a relação entre os dois governos?

Não necessariamente. Desde 2013, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, visitou o Brasil três vezes, comparecendo na posse de Dilma para seu segundo mandato. Obama e Dilma também se encontraram na ONU, além de diversos pronunciamentos de Obama, por exemplo, garantindo que “nações amigas” não serão mais espionadas. Os antecedentes de reaproximação e o perfil de Dilma, que conhecidamente não valoriza os cerimoniais do cargo, podem fazer da futura visita uma agenda produtiva. No campo da política internacional, agendas de cooperação tecnológica, climática e de defesa devem dar o tom da reunião.

Para Dilma, talvez o maior benefício da visita seja na política interna. Em meio aos protestos e aos conceitos órfãos da Guerra Fria e da ditadura militar, que dizem que o “Brasil do PT” se afastou dos EUA para se juntar aos “comunistas” ou aos “bolivarianos”, eventos oficiais com Obama podem apaziguar essas ideias. Especialmente se, dessa agenda, decorrerem benefícios concretos às classes sociais que mais compartilham das ideias citadas. Explicitamente, menores barreiras comerciais e a retomada das negociações para dispensa de visto para turistas brasileiros que visitem os EUA. A inclusão brasileira no Visa Waiver Program (VWP) representa, na perspectiva desse autor, o maior ganho político possível para Dilma em sua visita.

Nos próximos 65 dias, certamente muita coisa acontecerá e muito material será vazado (ou “vazado”) para a imprensa, especialmente sobre os tópicos da agenda bilateral que serão tratados na visita. O estabelecimento dessa agenda comum já começou, com a visita do chanceler Mauro Vieira à sede da Organização dos Estados Americanos, Washington, em março. Na semana passada, o Senado Federal ratificou o ex-chanceler Luiz Alberto Figueiredo como novo embaixador em Washington; o atual chanceler ocupava o cargo, colocando dois nomes importantes da diplomacia brasileira no eixo Brasil-EUA. Com uma agenda bilateral bem conduzida e negociações bem-sucedidas, Dilma poderá ganhar fora e dentro das fronteiras brasileiras.

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Veja os 10 pontos mais comentados da ‘cúpula da reconciliação’

1. O aperto de mãos entre os presidentes de Estados Unidos e CubaO presidente dos EUA  Barack Obama cumprimenta o presidente de Cuba Raul Castro durante encontro na Cúpula das Américas na Cidade do Panamá (Foto: Jonathan Ernst/Reuters)
Ocorrido “casualmente” na noite de sexta-feira durante a chegada dos líderes à cerimônia de abertura da Cúpula, os 10 segundos de “interação” entre Barack Obama e Raúl Castro entrarão para a história como a reconciliação mais esperada do continente.

2. O enfrentamento entre Estados Unidos e Venezuela
Em uma cúpula marcada pelo “início do fim da Guerra Fria”, como disse o chanceler chileno, Heraldo Muñoz, sobre o reatamento das relações entre Washington e Havana, a intensificação das tensões entre Estados Unidos e Venezuela se tornou a preocupação de muitos dirigentes no Panamá.

3. O passeio de Nicolás Maduro por El Chorrillo
Não bastou ao presidente da Venezuela fazer um passeio pelo popular bairro panamenho. Ele também apadrinhou a reivindicação de seus moradores para que Obama peça perdão pela invasão do Panamá de 1989 e indenize as vítimas da intervenção.

4. Os ‘panelaços’ contra Maduro
Os moradores de pelo menos sete edifícios próximos do centro de convenções que recebe a Cúpula das Américas, muitos deles venezuelanos, protestaram duas vezes, durante a chegada de Nicolás Maduro à cerimônia de abertura do evento e durante seu discurso na sessão plenária, com sonoros ‘panelaços’ que foram ouvidos até dentro do centro de imprensa.

5. As brigas entre dissidentes e governistas cubanos
Uma das atividades paralelas da Cúpula, o Fórum da Sociedade Civil, foi marcada pelos confrontos físicos entre os delegados governistas cubanos e opositores, e a polícia panamenha teve que intervir em várias ocasiões para pôr fim às brigas.

6. A Cúpula dos Povos Indígenas Abya Yala
A realização da V Cúpula dos Povos Indígenas Abya Yala, paralela à VII Cúpula das Américas, permitiu que as comunidades indígenas reivindicassem um maior protagonismo no mundo político e econômico do continente.

7. O jogo de futebol de Evo Morales
A paixão do presidente boliviano pelo futebol é bem conhecida, e Morales aproveitou sua presença na cúpula paralela dos Povos para jogar uma partida com líderes indígenas da região, na qual mostrou seu talento e marcou quatro gols.

8. A ausência da presidente Bachelet
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, é a única líder da região que não foi à histórica “cúpula da reconciliação” devido às graves inundações que afetaram o norte de seu país.

9. A chegada de “The Beast”
Em uma cidade como a capital panamenha, que convive com grandes congestionamentos, a chegada de “The Beast”, a limusine blindada e com avançadas tecnologias que é utilizada pelo presidente americano em todos os seus deslocamentos terrestres, se transformou em tema de conversas de muitos motoristas panamenhos.

10. A ausência de escândalos por parte do Serviço Secreto de Obama
Na última Cúpula das Américas, na cidade colombiana de Cartagena de Indias, em 2012, 12 agentes do Serviço Secreto americano, encarregados de proteger o presidente, foram acusados de levar prostitutas a seus hotéis. No Panamá, por enquanto, os agentes de Obama mantiveram as calças no lugar.

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