A elevação do nível do mar em todo o mundo acelerou ao longo da última década, ao contrário do que indicavam estimativas anteriores – é o que aponta um estudo publicado nesta segunda-feira pela revista Nature Climate Change.
Estudos precedentes baseados em dados de satélite mostraram que a alta do nível dos oceanos nos últimos dez anos tinha desacelerado com relação à década anterior.
O aumento do nível do mar se acelerou nos últimos dez anos em comparação com décadas anteriores, revelou um estudo publicado nesta segunda-feira (11) na revista “Nature”.
O estudo contradiz as estimativas e as previsões de outras pesquisas, que indicavam que o crescimento do nível das águas foi menor na última década se comparado aos anos anteriores.
Ao calcular outra vez o crescimento do nível mar, os cientistas descobriram que entre 1993 e 1999 ele foi menor do que o divulgado em outros estudos e tiveram que ajustá-lo entre 0,9 e 1,5 milímetro menos. Isto representa que, embora o avanço do mar tenha sido ligeiramente inferior ao publicado no passado, o crescimento acelerou nos últimos anos, comparado as últimas décadas do século 20, como demonstram os ajustes feitos nos dados.
A pesquisa destaca que os estudos prévios baseados em dados de satélite não levaram em conta o movimento do terreno vertical (VLM) ao calcular o aumento do nível do mar. A equipe da Universidade de Tasmânia, na Austrália, liderada por Christopher Watson, utilizou dados do sistema de posicionamento global (GPS) combinados a dados provenientes de marégrafos distribuídos pelos oceanos. Esta técnica permitiu aos pesquisadores identificar e corrigir erros nas medições para obter uma variação do nível dos oceanos mais próxima à realidade.
Os autores do estudo ressaltam que é “razoável” pensar que esta aceleração no crescimento do nível do mar se deve ao degelo da Antártida e da zona da Groenlândia, como também demonstraram recentes estudos.
Estudo do consórcio prevê usina de dessalinização em Bertioga e adutoras.
Bombeamento seria com energia eólica; Sabesp diz que ideia é ‘inviável’.
O Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) divulgou nesta sexta-feira (7) um projeto que prevê a dessalinização de água do mar como opção para a crise hídrica do Sistema Cantareira, das Bacias PCJ e do Alto Tietê. A proposta calcula um gasto de R$ 6,1 bilhões para aumendar a oferta de água tanto na capital como no interior do estado de São Paulo.
Para tal, seria necessária a implantação de uma usina em Bertioga (SP) e a construção de adutoras que fariam o transporte até o Reservatório Jaguari/Jacareí do Cantareira. O projeto já foi entregue à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Em nota, a companhia classicou a ideia como “inviável”.
A equipe técnica do PCJ estudou cinco alternativas de traçados para trazer a água do mar para a região da cabeceira da Bacia do Rio Piracicaba, sendo o mais viável o que faria a captação em Bertioga, por ser o trajeto mais curto, com 99,9 km de adutoras. No entanto, há um desnível a ser superado por meio de bombeamento de no mínimo 663 metros de altitude para chegar à região do Sistema Cantareira, segundo o consórcio.
A opção por lançar a água dessalinizada no sistema Jaguari/Jacareí permitiria manter de forma artificial o sistema com no mínimo 80% de sua capacidade em tempo integral. Dessa forma, de acordo com o estudo, o espaço útil de 20% seria respeitado como reserva estratégica de volume de espera. Na prática, essa reserva acumularia água de chuvas no período de grandes precipitações no verão, evitando inundações nas barragens.
Energia eólica
O secretário executivo da entidade e coordenador do projeto, Francisco Lahóz, disse que a energia necessária para o bombeamento dessa água poderia ser obtida com a implantação de usinas eólicas, o que evitaria a sobrecarga do sistema elétrico convencional.
“Além de ser uma obra essencial para a ampliação da oferta de água para salvar as duas principais regiões econômicas do Brasil, estamos preocupados com a minimização dos impactos ambientais. O uso de energia eólica é favorecido pelas correntes de ventos litorâneas”, comentou.
Aquífero Guarani
Lahóz disse ao G1 que a ideia de “puxar” água do mar seria melhor do que um eventual uso das reservas do Aquífero Guarani, que chegou a ser cogitado pelo governo estadual. “A disponibilidade hídrica nos oceanos é muito maior. E o aquífero não é a ‘8ª maravilha do mundo’, como todos pensam, pois a água dele água não é uniforme. Há pontos com altos índice de cálcio, magnésio, flúor e enxofre. Em certos locais até mesmo a dessalinização é necessária”, citou.
O estudo do PCJ aponta duas tecnologias de dessalinização: por osmose reversa, que já é utilizada em Israel, e a de evaporação. De acordo com a equipe técnica, as duas formas são eficientes, mas ainda carecem de estudos mais detalhados de viabilidade técnica e econômica de acordo com a realidade da região que será beneficiada.
O conteúdo do estudo foi enviado há 15 dias para a direção técnica da Sabesp, operadora do Sistema Cantareira. Segundo o PCJ, o órgão respondeu ao ofício de encaminhamento dizendo que o projeto estava sendo analisado. O projeto também será enviado a todos os municípios e empresas associados ao consórcio.
Sabesp
Em nota, a Sabesp informou já ter realizado alguns estudos de dessalinização. “Porém, os custos de implantação e de operação se mostraram elevados para os parâmetros operacionais da companhia”, citou.
“Outro fator que contribuiu para demonstrar a inviabilidade do projeto é a característica geográfica da Serra do Mar. A água precisaria ser bombeada para 800m de altura, o que tornaria o projeto de difícil aplicação e elevaria ainda mais seu custo”, concluiu o documento.