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Em Hong Kong, água do mar é usada para dar descarga

 

VASO_SANITARIO_OK_3Uma notícia veiculada na agência de notícias BBC dá conta do que pode ser uma ótima solução para amenizar a crise hídrica nossa de cada dia: há mais de 50 anos Hong Kong utiliza água do mar para dar descarga nos banheiros de 80% da população. Em números isto significa que quase seis milhões de pessoas despejam água retirada do oceano em seus vasos sanitários todos os dias. Água salgada por lá é o que não falta, assim como aqui no Brasil, que tem uma costa litorânea com mais de oito mil quilômetros de extensão.

A ideia surgiu por extrema necessidade. A ilha onde está Hong Kong sofreu durante anos com a falta d’água. As chuvas sempre foram insuficientes para o abastecimento. O subsolo, por sua vez, não tem reservas que dêem conta do consumo de tanta gente. Muita água chega a ser importada da China através de tubulações submarinas.

Então, em 1958 o governo resolveu investir na água do mar. Foram construídas 35 estações de captação e transmissão, além de 1,5 mil quilômetros de tubulações para que a água chegue à  população.

Ela não vem sem algum tratamento, embora não tenha o mesmo cuidado minucioso dedicado à água potável. Depois de retirada do oceano recebe uma filtragem para barrar partículas maiores de detritos. Em seguida são despejadas boas doses de cloro até seguir para os grandes reservatórios.

Os dois tipos de água não se misturam. Chegam às residências por sistemas de encanamento diferentes. Só depois de utilizada nas descargas a água do mar  vai parar no mesmo sistema de esgotos da água doce. Por isso, 25% dos esgotos de Hong Kong é formado por água salgada.

Outra vantagem da descarga de água do mar, de acordo com dados do professor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, Chen Guanghao: ela só precisa de metade da energia elétrica usada para o tratamento da água doce potável, dez vezes menos do que no tratamento de água dos esgotos e cem vezes menos que o processo de dessalinização.

Se utilizada em sistemas de ar condicionado – e a água salgada pode ter essa finalidade – precisa de 35% a 50% menos energia para seu resfriamento.

O melhor de tudo: a água salgada é retirada do mar e distribuída às pessoas gratuitamente. Por outro lado, a água doce e potável que os honcongueses (sim, é este o gentílico de quem nasce em Hong Kong) consomem é subsidiada pelo governo. Não sofre aumento de preço desde 1995.

Atualmente cerca de 80% da população de Hong Kong tem seus banheiros abastecidos por água do mar. O governo espera que essa porcentagem suba para 85% ainda este ano.

Não à toa o sistema que funciona em Hong Kong já há meio século recebeu prêmio, em 2001, do Chartered Institution of Water and Environmental Management, entidade britânica que reúne profissionais, cientistas e empresários dedicados ao ambientalismo.

Bem poderia ser adotado no Brasil, principalmente para abastecer, sem grandes investimentos banheiros de cidades litorâneas como o Rio de Janeiro, que já tem escassez hídrica.

Afinal, jogar na privada diariamente litros e litros de água potável – boa até para beber e que está cada vez mais rara – é ou não ou desperdício incabível nos dias atuais?

 

Copyright Afonso Capelas Jr. / Abril

Nasa detecta derretimento acelerado de gelo da Antártida

  • Camada de gelo da Antártida Ocidental está sofrendo um colapso lento

A enorme camada de gelo da Antártida Ocidental está sofrendo um colapso lento de uma forma irrefreável, revelaram dois novos estudos. Cientistas alarmados afirmaram que isso significa elevação ainda maior do nível do mar do que eles imaginavam.

Os resultados preocupantes não serão vistos em breve. Os cientistas se referem a centenas de anos, mas durante esse tempo o derretimento que já começou poderia, eventualmente, adicionar de 1,2 metro a 3,6 metros aos atuais níveis do mar. Esse ritmo é mais rápido do que cientistas previam.

Um estudo da NASA que analisou 40 anos de dados de solo, aviões e de satélite sobre o que os pesquisadores chamam de “o ponto fraco da Antártida Ocidental” mostra que o derretimento está ocorrendo mais rápido do que os cientistas haviam previsto, cruzando um limiar crítico que deu início a um processo semelhante a um dominó.

“Parece estar acontecendo rapidamente”, disse o glaciologista da Universidade de Washington Ian Joughin, autor de um dos estudos. “Nós realmente estamos testemunhando os estágios iniciais.”

É provável que isso ocorra por causa do aquecimento global provocado pelo homem e pelo buraco na camada de ozônio, que mudaram os ventos da Antártida e aqueceram a água que corrói as bases do gelo, disseram os pesquisadores em entrevista coletiva na Nasa nesta segunda-feira.

“O sistema está em uma espécie de reação em cadeia que é irrefreável”, disse o glaciologista da Nasa Eric Rignot, principal autor do outro estudo, que foi publicado na revista Geophysical Research Letters. “Cada processo nesta reação está alimentando o próximo.” Segundo ele, limitar as emissões de combustíveis fósseis para reduzir a mudança climática provavelmente não irá deter o derretimento, mas pode diminuir a velocidade do problema.

Fonte: Associated Press.

Você tem ideia de qual é o tamanho do oceano?

Conheça alguns números que vão ajudar você a ter uma noção da dimensão desse gigante.
Fonte da imagem: TED Ed Você tem ideia de qual é o tamanho do oceano?

Já contamos para vocês aqui no Mega Curioso qual é o ponto mais profundo do oceano, por que é que a água do mar é salgada e até os motivos de enxergarmos a sua cor como sendo azul. Mas e o tamanho do oceano, você saberia como quantificar isso de forma que seja possível comparar a sua grandeza com algo palpável?

Bem, para começo de conversa, apesar de aprendermos que existem cinco oceanos — Pacífico, Atlântico, Índico, Ártico e Antártico —, todos fazem parte de uma única massa de água, formando, na verdade, apenas um oceano. Então, imagine que você está parado em uma praia, observando toda aquela vastidão azul se perder além do horizonte, e com as ondas batendo pertinho de você… agora, se pergunte: qual é o tamanho disso tudo?

Gigante

Fonte da imagem: Reprodução/TED Ed

O oceano é — sem sombra de dúvidas — a característica da Terra mais visível a partir do espaço, cobrindo 71% da superfície do nosso planeta. Isso equivale a 360 milhões de quilômetros quadrados ou à área correspondente a 36 Estados Unidos juntos. Por falar em espaço — e nos EUA —, o oceano comporta 1,3 bilhão de quilômetros cúbicos de água.

Essa quantidade seria suficiente para fazer uma “coberta” para os Estados Unidos inteiros – incluindo aqui o Alasca e o Havaí — com 132 quilômetros de água. Para que você tenha uma ideia da altura que esse “paredão” alcançaria, ele ultrapassaria com sobra até as nuvens mais altas, estendendo-se tranquilamente pelas camadas mais elevadas da atmosfera.

Fonte da imagem: Reprodução/TED Ed

Com tamanho volume, o oceano representa 97% de toda a água que existe na Terra, sem contar que ele abriga 99% de toda a biosfera, ou seja, todos os locais e espaços nos quais existe vida! Em contrapartida, para que você possa comparar, a soma de todos os lugares habitáveis no mundo emerso juntos, incluindo os próprios continentes, representa apenas o 1% restante.

Mais números

Fonte da imagem: Reprodução/TED Ed

Com esses dados já é possível ter uma ideia da dimensão do oceano, assim como de sua importância vital para o planeta, não é mesmo? Mas, espere… Isso não é tudo! As maiores estruturas geológicas do planeta também se encontram “ocultas” pelas águas, como a dorsal oceânica, por exemplo, com cerca de 65.000 quilômetros de extensão, ou seja, 10 vezes mais longa do que a maior cadeia montanhosa da superfície, os Andes.

Além disso, a montanha mais alta do mundo também se encontra no oceano! E não pense que estamos falando do “Montinho” Everest. Na verdade, o vulcão Mauna Kea — que forma uma das ilhas do Havaí — conta com pouco mais de 4.200 metros de altura acima do nível do mar. Contudo, ainda existem outros 5.800 metros que se encontram submersos, o que significa que essa formação conta com aproximadamente 10 mil metros de altura no total.

Humanos

Fonte da imagem: Reprodução/TED Ed

A animação a seguir — produzida pelo pessoal do TED Ed e que serviu de fonte para as informações desta matéria — ilustra um pouquinho do quão absurdamente gigante o oceano é, assim como o quão importante ele é para a nossa existência. Suas águas definem o nosso planeta, servindo de “armazém” para as maiores estruturas geológicas da Terra e de “casa” para a grande maioria das formas de vida que existem no mundo.

Seu escopo é tão grande que chega a ser praticamente incompreensível. Entretanto, apesar de tão vasto, isso não significa que o oceano seja intocável. Com tantos humanos vivendo próximo à costa, sem contar os que estão emporcalhando as águas de rios, lagos e pântanos — que, invariavelmente vão parar no mar —, cada um de nós exerce influência sobre o oceano e toda a vida que ele comporta.