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Mar avança sobre Rio São Francisco e afeta população ribeirinha em Alagoas

Fenômeno conhecido como salinização é provocado pela seca prolongada.

A estiagem prolongada tem feito o Rio São Francisco perder força na divisa de Alagoas e Sergipe, permitindo que o mar avance sobre a água doce. O fenômeno é conhecido como salinização e, segundo pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), está transformando o ecossistema da região e prejudicando a população ribeirinha.

Sem chuvas e com menos água no leito, o rio acaba sendo empurrado pela maré nos pontos onde encontra o mar.

É no trecho da Área de Preservação Ambiental (APA) da Foz do São Francisco, entre os municípios de Piaçabuçu (AL) e Brejo Grande (SE), que o fenômeno pode ser percebido com mais intensidade pelos quase 25 mil habitantes da região.

“A gente pescava surubim, piau, dourado e todas as espécies de água doce. Era tanto peixe na rede que a gente não podia nem carregar. Nessa época, a gente também plantava arroz, que dava era muito. Hoje a coisa tá diferente, a água está tão salgada que arde até os olhos”, relata o pescador alagoano José Anjo.

O que o pescador percebe no dia a dia também foi apontado pelo oceanógrafo Paulo Peter, pesquisador da Ufal que analisa os impactos ambientais e sociais da salinização do Rio São Francisco. “É possível notar no estuário a morte da vegetação típica de água doce, substituição dos peixes de água doce pelos de água salgada e inviabilização da água para o consumo humano”.

Piaçabuçu é o ponto de origem de outro problema que vem afetando os ribeirinhos, os esgotos (Foto: Jonathan Lins/G1)Em Piaçabuçu, outro problema vem afetando os ribeirinhos: o esgoto no rio (Foto: Jonathan Lins/G1)

Transposição peca na revitalização do rio São Francisco, apontam especialistas

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Obras do eixo leste da transposição do rio São Francisco

A chegada das águas do rio São Francisco ao semiárido paraibano, nesta sexta-feira (10), marca a conclusão do eixo leste da transposição e contará com a presença do presidente Michel Temer. Mas o final da tão esperada obra no semiárido nordestino não encerra as polêmicas geradas pelo projeto, que custou R$ 10 bilhões.

Segundo especialistas, ficaram marcas na região ao serem deixadas de lado a revitalização do rio –que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu ao bancar a obra– e a negociação com comunidades afetadas. “Nós queremos revitalizar, recuperar as margens, as matas ciliares, fazer saneamento básico nas cidades para que não joguem dejetos no São Francisco, e começamos fazendo isso”, disse Lula, em 2009, durante o programa “Café com o Presidente”, em outubro de 2009.

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